Poderemos nós ter a pretensão de limitar a ciência, isto é, o conhecimento do mundo, às noções íntimas e informes que, laboriosa e penosamente conquistamos, e consignamos nos nossos livros?
Confessêmo-lo com plena humildade: não sabemos nada!
A nossa existência, guiada certamente por forças desconhecidas, decorre em trevas profundas.
Estonteados, ignorando tudo do Universo, possuímos, sobre as coisas presentes, apenas concepções vagas, quase infantis. É triste, mas nem por isso deixa de ser verdade.
Tenhamos a coragem de o dizer e de ir um pouco mais longe que os sábios...Valha-nos Deus! Os sábios, ou pelo menos aqueles que se julgam tais, não podem conjeturar que existe outra coisa além do que vêem e apalpam.
Suponhamos um humilde formigueiro. As formigas que o povoam não podem crer na realidade de um Universo poderoso e longínquo, além da pequena elevação de terra que as abriga. Conhecem alguns gravetos de lenha, alguns pedacinhos de musgos, deram voltas aos calhaus que se espalham na proximidade de sua modesta habitação; têm certas noções sobre os ribeirinhos que passam perto, sobre algumas aranhas e insetos que encontram na sua vizinhança. E é tudo. Que idéias formam os pobres bichinhos dos oceanos, dos navios couraçados, dos teatros dos museus, das bibliotecas, dos observatórios?
Têm alguma noção dos mundos planetários e do sol? Poderiam compreender que o mundo solar inteiro é, no Grande Cosmos, enormemente menor do que seu formigueiro na superfície do globo terrestre?
Não somos mais sábios que as formigas. E temos, portanto, o direito de supor a existência de mundos que ultrapassam a nossa mísera pequenez...
(Prefácio ao romance espírita "No Limiar do Mistério", de autoria de Charles Richet, editado pela LAKE).

quinta-feira, 10 de junho de 2010
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